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02/10/2005

WATERGATE- há algo parecido no Brasil?

Watergate é o nome de um prédio comercial localizado em Washington, onde ficava a sede do Partido democrata (que era de oposição ao governo do então presidente Richard Nixon). Cinco meses antes das eleições presidenciais, na madrugada de 17 de junho de 1972, o prédio foi invadido por cinco homens, todos eram ex-membros da CIA (Agência Central de Informações), e foram pegos no prédio pelo vigia. Eles fotografavam documentos, portavam equipamentos de espionagem e checavam aparelhos de escuta instalados anteriormente. Foi instalado um posto de comando em um quarto de um hotel localizado do outro lado do edifício.
O caso do Watergate foi abafado e a mídia pouco se interessou pelo fato ocorrido. Apenas o jornal Washington Post aprofundou-se nas investigações. Dois repórteres do jornal - Bob Woodward e Carl Bernstein - tomaram frente às investigações.
O governo tinha um plano cujo objetivo era descobrir a fonte dos vazamentos de informações, e acabar com as divergências no país, e o presidente queria que a CIA o FBI se unissem para aumentar a espionagem interna. Só que o diretor da FBI, J. Edigard Hoover, não apoiou o presidente e se aliou ao diretor da CIA Richard Helms que alertou Nixon aos possíveis problemas que este plano poderia causar. Só que o plano é executado seis meses depois da morte de Helms em maio de 1972.
Bob Woodward e Carl Bernstein fizeram uma intensa investigação, onde cada informação obtida abria brechas e os levavam para novas descobertas. Bob encontrou uma caderneta de anotações no Edifício, pertencente a um dos invasores. Mas, sua principal fonte de informação foi dada por um homem o qual foi chamado de “Garganta Profunda”. Ele dava a Woodward informações e pistas do episódio que ocorreu em Watergate, afim de que ele seguisse sempre o rumo certo das investigações. A partir daí, os dois jornalistas se propuseram a procurar a verdade e iniciaram uma intensa investigação, pois sabiam que pessoas importantes, próximas do presidente Nixon, poderiam estar envolvidas no caso. Bob Woodward se encontrou várias vezes com o “Garganta Profunda” e, junto com seu companheiro de jornal Carl Bernstein, seguiu todas as pistas, buscou interrogar a todos que poderiam dar alguma informação importante para o “clareamento” do caso. Os dois jornalistas foram alvos de desconfiança no Washington Post, pois suas informações eram acusações graves e difíceis de se acreditar, pois tinha gente importante envolvida.
Seguindo a linha da persistência, os dois foram descobrindo o que realmente estava por trás de tudo. A espionagem era comandada por G. Gordon Liddy, ex-agente da CIA, e pelo diretor de segurança do comitê para reeleição do presidente, James McCord. E descobriram o nome de todos os envolvidos no caso, um a um. Depois de um bom tempo de investigação e com dificuldades em obter dados, pois não era fácil achar pessoas que quisessem colaborar com eles, afinal todos tinham medo e não queriam falar. Mas conseguiram desvendar o caso, onde pessoas ligadas ao presidente Richard Nixon, foram articuladoras de tudo.
A descoberta dos jornalistas ocorreu depois da eleição americana. Como não foi dada muita atenção ao episódio, e nenhuma suspeita foi levantada contra o presidente, o mesmo foi reeleito e continuou o seu mandato, mesmo com a prisão e sentença dada aos invasores do Watergate.
Ao desvendarem o mistério, os dois jornalistas colocaram no jornal Washington Post toda a descoberta, revelando para a nação americana a verdade sobre a invasão do Watergate, e dando o nome de todos os envolvidos que inclusive foram julgados e condenados – inclusive os sete funcionários mais importantes do governo, entre eles o secretário da Justiça, John N. Mitchell, o chefe da Casa Civil, H. R. Haldeman, e o assessor de Nixon, John D. Ehrlichman.
O presidente Richard Nixon, pressionado por seu envolvimento no caso Watergate, renunciou ao cargo em oito de agosto de 1974. Após a sua renúncia, quem assumiu a presidência dos Estados Unidos foi o vice-presidente Gerald R. Ford. Ford estranhamente acabou por perdoar todos seus antecessores, incluindo Nixon, de todas as acusações relacionadas ao escândalo Watergate.
Após todo o processo de investigação e apuração dos fatos, o jornal Washington Post ganhou crédito com a população americana graças ao Watergate, mostrando ao povo aquilo que estava sendo ocultado pelo poder. Os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein receberam o Prêmio Pulitzer, que é atribuído por contribuições relevantes no campo de jornalismo.
Esse escândalo abalou a população americana, e até hoje repercute este assunto. A poucos meses, o próprio jornal Washington Post confirmou a identidade secreta do “Garganta Profunda”, o ex-funcionário do FBI [polícia federal dos EUA] Mark Felt, após ele mesmo se declarar a fonte para uma revista americana. “Eu sou o cara que costumavam chamar de Garganta Profunda, afirmou o ex-agente à revista”. Felt era o número 2 do FBI no início da década de 70, durante a administração de Nixon. Segundo a revista, até 2002, ele manteve o segredo até mesmo de sua família – segredo guardado por mais de trinta anos. O nome de Felt esteve freqüentemente na curta lista de suspeitos, mas ele negou ser o "Garganta Profunda" no passado.
Podemos fazer uma comparação deste episódio, com o problema atual do Brasil: o esquema do mensalão. O esquema de compra de apoio por parte do Partido dos Trabalhadores (PT) para que deputados de outros partidos dessem a entender que sempre se propuseram a apoiar o governo, sem nenhum tipo de favorecimento.
A denúncia feita pelo deputado Roberto Jefferson, veio como uma bomba no cenário da política nacional e repercutiu de forma estrondosa nas residências brasileiras, pondo em dúvida a honestidade e boa conduta do PT. Assim como os americanos se surpreenderam com o caso Watergate, os brasileiros tiveram a mesma reação com o mensalão, e continuam se surpreendendo a cada dia com a denúncia de novos casos e novos personagens envolvidos. O
caso Watergate já foi encerrado, mas o mensalão apenas está começando e muita coisa ainda vem por aí. Resta a toda a nação esperar que todos os suspeitos sejam investigados de forma correta e com o intuito de punir a todos que merecem.

Rudney de Farias Guimarães